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CURATELA
CURATELA

Advocacia lessa 
Hélcio Cezar Batista Lessa

Advogado – OAB MG 46.225

 

 

CURATELA

 

                                                           Curatela é um instituto estabelecido com o intuito de proteger a pessoa e bens de incapazes.

                                                           O exercício da Curatela é um múnus público e só pode ser estabelecido judicialmente.

                                                           Em primeiro plano, a Curatela destina-se a pessoas maiores e incapazes, temporária ou definitivamente, entretanto, há casos de se estabelecer a Curatela ao nascituro e a portadores de deficiência física e enfermo.

                                                           A Curatela exige a interdição do curatelando, estando sujeitos à curatela as pessoas elencadas no artigo 1767 do CC, quais sejam: 1- os que não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil, seja devido à enfermidade ou deficiência mental;

                                                                                                      2- Os que, por causa duradoura, não puderem exprimir sua vontade.

                                                           Aqui, registre-se, eu se houver cessação da causa, suspende-se a curatela;

                                                                                                   3- Os que forem deficientes mentais, os ébrios habituais ou os viciados em tóxicos.

                                                           Evidente que essa dependência deve ser de tal monta que retire à pessoa o equilíbrio necessário de administração de sua pessoa ou seus bens. O juiz, para decretar tal interdição, vale-se de laudos médicos a respeito;

                                                                                            4- Os excepcionais sem completo desenvolvimento mental.

                                                      No processo de interdição haverá necessidade de avaliação médica ou equipe multidisciplinar, para determinar-se o grau de desenvolvimento, atestando-se ser incapaz do entendimento necessário para administração pessoal e ou de seus bens.

                                                           A interdição, para se estabelecer a Curatela, precisa ser provocada e quem pode promovê-la estão elencados no artigo 1768 do CC, e são:

1-    Pais ou tutores

2-    Cônjuge ou qualquer parente

3-    Ministério Público.

                                                           Aqui torna-se necessária uma observação. Alguns doutrinadores lecionam que o companheiro não tem amparo legal para requerer a interdição por não figurar no artigo que a define, que é o 1768 do CC.

                                                           Com a devida vênia e em total respeito a esses doutrinadores, pensamos de forma diferente. Entendemos que o companheiro pode sim requerer a interdição e curatela uma vez que o art. 226, § 3º da CF reconhece a União Estável como entidade familiar.

                                                           Embora o código Civil seja de 2002, portanto posterior à EC que regulamentou esse § constitucional, e não fez contar o companheiro como capaz para promover a interdição, em outros artigos o código manifesta-se em acordo com a CF, como no artigo 1723 em que define a União Estável em conformidade com o citado artigo da CF.

                                                           Então por que não imaginar que a não inclusão expressa do companheiro no inciso II do artigo 1768 do CC possa ter sido um cochilo do legislador?

                                                           Veja ainda que no artigo 1775 do CC já diz que o cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito.

                                                           Veja-se que no direito sucessório já se reconhece direito do companheiro, por que não na curatela, na proteção dos incapazes?

 

                                                           Esse meu entendimento é corroborado pelo projeto de lei 276/07, que visa incluir taxativamente o companheiro nesse inciso II do artigo 1768 do CC, e assim terminar de vez com essa lacuna e duplo entendimento.

                                                           Também, quando, nesse mesmo inciso, estabelece como podendo promover a interdição qualquer parente, embora não esclarecido, deve-se entender que se trata de parente sucessível. Nesse particular a doutrina está concorde, não há divergência.     A propósito, o CPC, em seu artigo 1.177, ao definir quem pode promover a Curatela, faz constar em seu inciso II o cônjuge ou algum parente próximo. Por essa proximidade entende-se ser na linha colateral, aqueles que podem suceder o interditando, ou seja, os abrangidos ate o quarto grau, como consta no comentário do referido artigo no CPC de Theotonio Negrão.

                                                           Como dito acima, a Curatela também pode ser deferida a não maiores, como é o caso estabelecido no artigo 1779, em que se dá curatela ao nascituro quando do falecimento do pai e a mãe grávida não tem o exercício do poder familiar.

                                                           Dá-se também Curatela a menor, principalmente quando em questão de sucessão, quando os interesses do menor conflitam com os do genitor, ou seja, quando houver concorrência ou conflito de interesse entre o direito do menor e seu representante legal.

                                                           É também chamada Curatela Especial, que se dá em relação à administração de bens e defesa de interesse e não quanto à regência de pessoa.

                                                           A Curatela especial não se dá apenas em relação a menores, mas também a incapaz que não tem representante legal ou houver conflito de interesse entre este e aquele; ao réu preso e ao revel citado por edital ou hora certa; na herança jacente.

                                                            A forma de se promover a curatela e interdição é regulada no CPC nos artigos 1.177 a 1186.

                                                           O presente artigo não esgota o assunto, mas representa apenas algumas considerações sobre os casos mais comuns de Curatela.

 

                                                      Artigo escrito por Dr..Helcio Lessa